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Crítica: Justiça em Família – ★☆☆☆☆ (2021)

A busca incessante pela vingança é  tema comum de filmes de ação, e principalmente estrelando nossos brutamontes favoritos de Hollywood como Stallone, Seagal ou Van Dame. Nesses filmes, os heróis abrem mão da falha justiça dos homens e buscam sujar suas próprias mãos com o sangue daquele que lhe causou o mal. Em Justiça em Família, dirigido por Brian Mendoza e distribuído pela Netflix, temos um dos brutamontes mais queridos e carismáticos contemporâneos, Jason Momoa, no papel de um pai viúvo que busca vingança pela morte de sua esposa. Infelizmente, o filme não é cativante, é repleto de furos, contém um terrível plot twist e joga fora o talento do ator.

 

                                                       Reprodução

Ray Cooper está procurando, ao lado de sua filha Rachel, vingança pela morte de sua esposa, cuja causa foi a impossibilidade de acesso a um medicamento que ajudaria em seu tratamento contra o câncer. Ray descobre que uma grande farmacêutica pagou para que os fabricantes atrasassem a produção do remédio com fins unicamente comerciais. Os personagens estão dados e a trama é simples, como já citado, bebendo (copiando) da fonte de clássicos de ação dos anos 80.

A partir disso, o roteiro não nos ajuda a amar o filme. Nos primeiros atos existem dois saltos temporais que quebram o drama da história, e o apelo emocional do esposo viúvo (de fato um golpe baixo para acertar nosso emocional que consegue a proeza de falhar) se perde. Ray consegue se vingar do homem que achava ser o principal responsável pela morte da esposa, mas descobre que ele era apenas um numa hierarquia criminosa.

Okay, isso pode fazer muito sentido na vida real, mas não contribuiu com o ritmo do filme. A partir disso nenhum personagem carrega a característica de grande vilão e existem momentos que não entendemos mais pra onde vão Ray e Rachel. O pai acaba envolvendo a filha no seu plano desastroso e ambos viram alvos da polícia, virando um filme de fuga.

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As lutas coreografadas são boas, mas por muito tempo apenas isso carrega o filme. Toda a carga dramática é deixada de lado, nem mesmo a relação entre pai e filha é aproveitada, tudo isso enquanto ambos fogem para algum lugar em busca de alguém (não fica muito claro). Até que vem o terrível plot twist.

Spoilers a seguir:

É revelado então que Ray havia morrido numa das primeiras cenas de luta do filme contra um capanga sem grande importância e o personagem de Momoa era na verdade o tempo todo a filha Rachel. Não entendi se significava que a menina imaginava o pai o tempo todo ou se ela sofria de transtorno dissociativo de identidade, tendo de alguma forma assumido sua personalidade. Mas isso piora demais a trama, porque o personagem de Momoa, cuja atuação era um dos poucos pontos altos do filme, simplesmente morreu no início do longa e tudo que conhecemos dele era imaginação (ou sintoma) da menina. O tempo todo ela estava por conta própria, e isso não deixa o filme mais empolgante, por outro lado, te frustra por saber que Ray não terá seu arco concluído. Por falar nisso, como a menina menor de idade lutou contra inúmeros matadores profissionais e viajou centenas de quilômetros sem dinheiro e escapando da lei?

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A conclusão do filme é extremamente sem graça, não existe um clímax ou uma luta final, portanto não tem emoção e nem nos preocupamos com a vida ou morte de nossa heroína (até porque o roteiro matou o pai dela por razão alguma). Ela denuncia todo o esquema de corrupção envolvendo a farmacêutica e continua sua fuga.

Justiça em Família é uma lição sobre como não fazer plot twists ou filmes de vingança. O roteiro mira em clássicos antigos, de roer as unhas, onde a vingança com as próprias mãos lava nossas almas, mas acerta num filme muito sem graça, que faz a proeza de não emocionar nem numa morte tão triste e injusta, nem com pai e filha em luto, nem com um plot twits que mais parece uma auto sabotagem. Um filme que tinha tudo e nos entrega nada.

Sobre Emerson Dutra

Um psicólogo que tem o mundo nerd como seu guarda roupa para atravessar para uma Nárnia que é mais divertida, interessante e justa que nossa realidade compartilhada.

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Um comentário

  1. Ótima critica, forte e sólida! A forma de escrita do autor me prendeu do inicio ao fim!

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