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Crítica: Kate – ★★★★☆ (2021)

Personagens badass e com motivações mais humanas, como vingança, amor ou ódio, são boas pedidas para os fãs de ação. Kate (2021) é uma dessas apostas da Netflix em trazer ação frenética, bons visuais e personagens menos carrancudos e mais “gente como a gente”.

Explicamos o final de Kate, da Netflix
Reprodução

Com uma dinâmica de “John Wick”, muita ação e pouca conversa, Kate é sobre a jovem Kate (Mary Elizabeth Winstead) que busca sobreviver depois de contaminada com plutônio 241, que a deixa com poucas horas de vida – fazendo dela uma versão feminina de Chev, de High Voltage. Dividida entre matar quem a contaminou e sobrevier (buscando uma cura com seu algoz), Kate enfrenta os mais diversos figurões da máfia japonesa, em cenários cheios de neons e ambientes que sugerem uma boa pancadaria: bares, boates, casas de banho e becos escuros.

Na trama acompanhamos Kate, uma agente de uma organização de assassinos, com um passado que a liga diretamente com o chefe da organização, Varrick (Woody Harrelson), que a adotou quando criança e a treinou para que fosse uma eximia exterminadora. Depois de um trabalho que saiu um pouco do controle, Kate decide se aposentar da vida de assassina – com a objeção de Varrick, óbvio. E em uma noite de bebedeira, um policial a contamina com plutônio 241. Kate busca o policial, que revela que estava seguindo ordens de superiores, Kate busca os superiores, que levam a novas pessoas e assim segue a trama (algo bem perto do que alguns jogos proporcionam: luta contra chefes que nos levam ao chefe final).

Nesse clima de busca por um vilão-mor, Kate protagonista algumas da mais belas cenas de ação, como a do restaurante com biombos de papel, onde tem uma das mortes mais radicais do filme (toda essa cena faz valer a pena se sentar para prestigiar a obra). Depois de muito avançar e não avançar de fato, Kate conhece Ani (Miku Martineau), uma adolescente que tem fortes laços sanguíneos com os chefes da máfia japonesa. E nesse momento, as coisas andam rápido na trama, Kate confronta o big-boss e revelações são feitas, de modo que o filme ganha um novo fôlego nos seus 40 minutos finais.

As coreografias de lutas deixam a desejar em alguns momentos, Mary Elizabeth Winstead não parece ser capaz de realizar algumas das cenas, alguns golpes foram realizados devagar, o que não combina com a cena (imagine um velotrol atropelando uma pessoa e essa pessoa sendo arremessada para longe, é essa a sensação de algumas cenas de luta). Entretanto, as cenas de tiroteio são excelentes, aqui Mary Elizabeth mostra mais afinidade com o papel e revela grandes momentos.

Os ambientes, genéricos na medida certa, deixam o filme com uma dinamicidade funcional, transformando momentos enfadonhos em momentos energéticos. O excesso de neon e os figurinos ficam entre o esquecível e o formidável, pendendo sempre para o lado formidável das construções visuais do filme. Principalmente nas últimas cenas, em que Kate está “transformada”, criando uma excelente combinação entre o caos, que a personagem representa, e a elegância dos seus inimigos.

Os pecados de Kate giram em torno do excesso de “mais do mesmo”, as lutas são claras referências ao John Wick, a trama geral é um repeteco de “filme de assassino que está se aposentando” e a personagem Ani, que serve como âncora moral de Kate e peso no filme, assim como foi com a personagem Cassandra (Ella Jay Basco) de Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa. Somado os clichês ao neon, o filme perde um pouco do brilho, mas isso não afeta o conteúdo quando visto como um todo.

Kate é um bom filme, o que faltou em ousadia, teve em dobro em boas execuções de clichês (que funcionam bem). Os primeiros 30 minutos de filme já seguram o espectador e deixam o gosto de quero mais. O final, idem. Kate é uma ótima pedida para aquele momento que se busca um filme para passar o tempo e não pensar nos problemas da via. Com uma audácia de re-imaginar a ação brucutu, Kate é recomendado para todos e todas que buscam um filme de ação com uma protagonista badass.

Kate está disponível na Netflix.

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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