Sempre que uma série consegue chegar ao fim sem se prolongar demais com tramas mal elaboradas e forçadas, eu passo a admirar ainda mais. E com Locke & Key foi exatamente assim. A série de fantasia da Netflix entregou três ótimas temporadas, todas desenvolvendo muito bem sua trama.
Na terceira temporada temos o ápice da aventura dos irmãos Locke, que enfrentam um vilão sinistro do passado, para fechar com chave de ouro (foi mal a piada). Mas não é apenas isso, a temporada também tem ótimos plots, que prenderam minha atenção, além de me fazer ficar nervoso com Dodge (Laysla De Oliveira) mais uma vez. Essa combinação de elementos tornam a temporada final muito marcante.
A trama segue do ponto que parou na temproada anterior, o Capitão Frederick Gideon (Kevin Durand) começa a conspirar para roubar as chaves dos Locke e suas intenções são mais sombrias do que o esperado, a ponto de nem mesmo Dodge, que vem de uma linha temporal alternativa, ficar do seu lado. Na mansão, a presença de Tyler faz muita falta na família Locke, que começa a ter problemas com Gideon e suas tentativas de roubar as chaves.
Na temporada anterior, Tyler não aceita usar a chave da memória, a fim de tentar esquecer os eventos traumáticos que aconteceram. Mas como a gente esperava, esse drama todo serviu apenas como uma enrolação, pois era óbvio que o jovem não levaria isso muito longe. Um momento bem marcante dessa temporada é o casamento do Tio Duncan (Aaron Ashmore) com Brian (Milton Barnes), que me lembrou o casamento de Harry Potter e as Relíquias da Morte, por ser uma celebração amenizadora com um perigo próximo de acontecer. Apesar de algumas enrolações, e também de certas facilidades do roteiro, a trama da terceira temporada tem um saldo mais positivo que negativo.
No campo das atuações, a dinâmica dos irmãos Locke está ainda melhor nessa temporada. Os personagens tiveram um amadurecimento muito visível, que me agradou muito. Os irmãos Tyler (Connor Jessup), Kinsey (Emilia Jones) e Bode (Jackson Robert Scott) estão mais próximos e a relação entre eles é bem desenvolvida em tela, até mesmo com sua mãe Nina (Darby Stanchfield). Fora o drama de Tyler para aceitar o inevitável, toda a relação entre eles é bem explorada nessa temporada, colocando os personagens para interagir com Rendell (Bill Heck), finalmente, usando a chave do tempo, que rendeu uma ótima cena de reencontro com a família. O vilão talvez tenha deixado um pouco a desejar por sua performance muito caricata, mas ainda assim, não chega a estragar o resultado final.
Os episódios nessa temporada são bem desenvolvidos, as cenas impressionam mais um vez, com bons cortes e movimentações. Também descobrimos mais chaves, que possuem poderes ainda mais interessantes. A criatividade para trazer esses efeitos na série e usá-los de uma forma inovadora é bem realizado. Inclusive, há uma chave nova nessa temporada, que irá definir completamente o rumo da trama, mas que acabou sendo um tanto quanto “deus ex machina”. Infelizmente não temos cenas de confronto tão marcantes como tivemos na segunda temporada, mas não chega a decepcionar.
Locke & Key faz o que poucas série conseguem: encerrar de forma plena. O final é bem emocionante, além de contar com aquela leve provocação de que ainda há mais para se ver. A trama tem uns momentos de baixa, mas de forma geral o saldo é muito positivo, com bons momentos na história. As atuações seguem boas, e não só isso, a relação dos irmãos Locke fica ainda mais envolvente. Os episódios conseguem criar boas narrativas e nos manter atentos aos acontecimetnos. Se você já viu as temproadas anteriores, a terceira temporada é obrigatória, e se você curte fantasia e ainda não deu uma chance, agora com o fim, talvez seja o melhor momento para começar.
As 3 temproadas de Locke & Key estão disponíveis na Netflix.