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Crítica: Mães Paralelas ★★★★☆ (2022)

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Mães Paralelas, o novo filme de Almodóvar, que foi distribuído pela Netflix, trata-se de duas mulheres distintas, Janis (Penélope Cruz), uma fotógrafa que engravida de Arturo (Israel Elejalde), e a jovem Ana (Milena Smit), uma garota que se encontra grávida e sem uma perspectiva de futuro. Paralelo ao drama pessoal das personagens, Almodóvar quer discutir a história da Espanha, principalmente por causa da Lei da Memória Histórica, lei essa que dá permissão para se desenterrar os corpos daqueles que foram assassinados na era franquista e foram dados como indigentes.

O que na mão de outros diretores poderia criar uma exclusão narrativa, na mão de Almodóvar elas criam uma unidade. Numa busca de criar paralelos, é na busca de reconhecer os mortos que se gera uma nova vida, e sempre esses paralelos irão aparecer em tela, não só no lado político, mas pessoal de cada personagem. É uma estrutura que se mantém coesa do início ao fim, como uma regra narrativa que Almodóvar parece estar amando jogar.

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Entre essa narrativa paralela conhecemos melhor ambas as personagens. Com Janis acompanhamos seu caso com Arturo, que mesmo depois de separados ainda se vem, tanto pela ligação com a filha, quanto profissional, já que ele ocupa-se em fazer a escavação dos corpos que Janis busca desenterrar de sua vila, e Ana vemos sua ligação estritamente familiar de início, com sua mão tentando ser atriz e a deixando sozinha, sendo Ana uma jovem de dezoito anos com uma filha pequena. Nessas tramas tanto um mistério quanto acontecimento irão ligar a vida de ambas, que já se conheciam antes por estarem no mesmo quarto de grávida em um hospital.

As atuações são sempre um dos principais pontos fortes dos filmes de Almodóvar, e em Madres Paralelas Penélope Cruz não só é o ponto mais forte, como está indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Sua personagem é complexa, oras vulnerável e oras extremamente resiliente. Milena Smit não fica atrás, com sua personagem insegura que está ainda conhecendo o mundo, caminhando para independência mas ainda cheia de imaturidades. Outra personagem excepcional é Teresa (Altana Sánchez-Gijón), mãe de Ana, uma mulher que passou por muitas humilhações, mas que agora corre atrás do seu sonho de ser atriz.

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Alberto Iglesias, que já fez outras colaborações com Almodóvar na trilha sonora, recebe sua indicação pela trilha, sendo a primeira indicação técnica que Almodóvar recebe. Apesar de ser uma ótima trilha, não parece ter força o suficiente para ser a ganhadora. Os outros aspectos técnicos estão ótimos também, principalmente na direção de arte que Almodóvar já é tão conhecido, com muitas cores vivas, que o faz uma referência não só no cinema como em outros campos.

Mesmo para um filme tão forte e que busca debater feminilidade e história, a subtrama de Janis com Arturo é inconsistente. Ambos são personagens que o filme força um clima, que convence nos primeiros minutos mas logo cai em declínio devido ao caráter que Arturo demonstra, e parece que o filme quer focar nisso, mas a resolução soa forçada e melosa, inconsistente com a própria tenacidade de Janis, além de ser de péssimo gosto.

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Madres Paralelas é um ótimo filme tanto para quem ama Almodóvar quanto para quem quer conhecer sua filmografia. Sendo um dos seus filmes mais acessíveis, ele ainda assim é um ótimo filme, é uma pena não estar sendo indicado para melhor filme internacional. O filme se encontra disponível na Netflix.

Sobre Matheus Henrique

Amante do cinema, jogos e literatura, buscando estudar e aprender sobre o que ama e assim trilhar o caminho de crítico. Escrevo algumas coisas no Letterboxd e Instagram de vez em nunca. Letterboxd: https://letterboxd.com/Matatheusx/

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