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Crítica: Mudança Mortal – ★★☆☆☆ (2021)

Saber que esse filme é baseado em fatos talvez seja sua face mais assustadora. Além disso, em Mudança Mortal, distribuído pela Netflix e dirigido por Peter Winther, encontramos apenas reproduções de temas e cenas batidas no gênero suspense, costurados sobre uma trama de fundo bastante desinteressante.

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Ashley e Shawn são um jovem casal enfrentando os problemas do adultério dentro de seu casamento. A sugestão da terapeuta do casal de se mudarem de casa numa tentativa de superar os problemas é acatada, e a casa escolhida é uma casa onde ocorreu recentemente um assassinato de uma esposa seguido do suicídio do marido assassino.

A aura sobrenatural da casa tenta dar fundamento aos mistérios que ali acontecem. Aqui, o filme já se torna demasiado cansativo pelas repetições de cenas: um cachorro latindo para um cômodo vazio, uma porta rangendo sem ninguém ter tocado nela, músicas que começam a tocar do nada. E, claro, acompanhados de uma trilha sonora de tensão crescente. O suspense é sustentado apenas por isso, e os mistérios da casa ficam minimamente sérios apenas no ato final, dando uma sensação de apelo a uma cartada final, quando poderia ter sido desenvolvido com mais zelo durante o filme.

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Vários personagens coadjuvantes permeiam a vida do casal: o antigo amante de Ashley, que agora trabalha junto com a estilista, o casal que vendeu a casa por um preço abaixo da média, a mãe de Ashley e uma colega de faculdade de Shawn, com quem acreditamos que ele possa desenvolver um caso. Todos eles teriam motivos aparentes para estar assombrando o casal. Mas, o mais decepcionante é que nada disso é aproveitado, e a resolução (quem ou o quê é responsável pelos tormentos do casal)  é algo que mal tínhamos conhecimento durante a trama sendo bastante gratuito e alheio à história até então.

Grande parte do tempo do longa são cenas típicas dos desenhos de Tom e Jerry, perseguições escada acima e escada abaixo, e a tensão, além da trilha sonora, é forçada também com jump scares consecutivos e mal colocados. Em alguns momentos, existem cortes bruscos entre um ato e outro, faltando tempo pra “digerirmos” aquilo que acabou de ser adicionado à trama. Sem contar um clifhanger digno de vergonha alheia que acontece no fim.

Algo aleatório que me incomodou no filme e não entendi o motivo de acontecer foi o uso de câmeras olho de peixe, que deixam a parte lateral do cenário ligeiramente arredondado, em contraste com outras cenas, onde isso não acontece.

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Mudança Mortal, da Netflix, bebe tanto nas fontes de antigos clichês que é até difícil de encontrar algo original. Talvez a química do casal, ou seus dramas particulares, teriam sido uma boa aposta, mas nem isso nos faz nos apegarmos a eles. A sua fatia de “história real” (que é importante para a resolução do mistério) também é pouco convincente e não produz suspense. Um filme que não é notável, nem memorável, se esforçando pelos meios errados para encontrar seu lugar no gênero, e falhando.

Sobre Emerson Dutra

Um psicólogo que tem o mundo nerd como seu guarda roupa para atravessar para uma Nárnia que é mais divertida, interessante e justa que nossa realidade compartilhada.

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