Em um daqueles momentos, zapeando pela Netflix, Mundo dos centauros pode te encontrar e você ficará grato por isso.
Mundo dos Centauros chegou sem muito alarde, com pouca divulgação por parte da Netflix, famosa pelas promoções exageradas (vide Mestres do Universo). Criada por Megan Nicole Dong, a nova animação da Netflix é um musical muito bem colorido e desenvolvido. A gama de diversificação dos personagens e atores de voz fazem valer a pena dar uma chance.
Por se tratar de uma animação, a imaginação voa para longe, todos personagens são centauros (como o nome sugere), com exceção da Égua e da Cavaleira, uma é uma égua e outra é uma humana. E a trama é sobre uma guerra entre humanos e minotauros (que podem se parecem com homens-lagartos) e numa dessas batalhas a Égua vai parar no Mundo dos Centauros por meio de um artefato mágico, lá ela busca retornar para a Cavaleira.
Ao acordar no mundo dos centauros a Égua começa a falar e aqui já percebemos a seriedade (no meio de tanta diversão), quando a Égua começa a falar ela se espanta e não aceita com naturalidade e toda vez que ela se encontra com algo único daquele mundo ela se espanta. E logo no primeiro episódio a série já mostra a que veio, muitos musicais, um trabalho de dublagem magnífico (tanto inglês, quanto português) e muitas cores vibrantes. É como se o Mundo de Gumball, Apenas um show e Hora de Aventura se fundissem.
Todos os episódios giram em torno da busca da Égua nas 5 partes da chave que a levará ao mundo humano, e nessa jornada ela deve encontrar as 5 xamãs, cada xamã tem um pedaço da chave. Nessa jornada ela vai se descobrindo e boa parte da série é sobre se descobrir e se aceitar em meio às mudanças. E no meio das descobertas os personagens que acompanham a Égua vão ganhando protagonismo, destaque para a Lindaura a líder da matilhas, Zé Luis o metrossexual da turma, Gazelda, uma gazela centauro cleptomaníaco, Ched, um pássaro centauro que a uma cara de bonitão que é assustadora e odeia a Égua e Pescoço, a girafa que tem um QI um pouco baixo, mas um coração enorme.
E se a série se leva a sério o bastante quanto precisa, ela é divertida e emocionante para equilibrar. Os musicais sempre como ferramentas narrativas dos episódios se perderam um pouco na dublagem, mas não deixam a desejar, muito bem cantados e interpretados. O grande destaque da dublagem brasileira vai para Gaby Milani que faz a voz da Gazelda, uma voz difícil de imitar, feita no esôfago, difícil de manter.
Mundo dos Centauros é divertido e bem desenvolvido, simples de acompanhar e com um final surpreendente. Merecedora de continuação, a animação mistura temas sérios como aceitação, perda, mudanças e crescimento, isso tudo sem deixar a beleza, a bizarrice e a alegria de lado. O final marca o amadurecimento da série, preparando um cenário maior e mais caótico para a segunda temporada, que continuará com peregrinação da Égua e seus amigos pelo Mundo dos Centauros.