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Crítica: Não! Não Olhe! ★★★★★ (2022)

(Reprodução)

Quando vi o trailer de Não! Não Olhe! pela primeira vez, fiquei muito intrigado, filmes com alienígenas tem esse poder de mexer com nossa curiosidade. E o resultado não poderia ser mais impressioannte, Jordan Peele consegue trabalhar o conceito de forma muito original, que me fez lembrar imediatamente o longa A Chegada, de Denis Villeneuve, que também aborda de forma intrigante o tema.

Por conta de seu histórico, é normal esperar de Peele um filme que mantivesse a sua marca, abordando temas socialmente complexos, porém, em Não! Não Olhe! me surpreendi com a capacidade do diretor de não só inovar, mas de se reinventar e manter um altíssimo nível na produção.

Na história, acompanhamos uma família que tem um rancho de cavalos treinados para trabalhar em filmes e comerciais. As coisas mudam quando um acidente bizarro causa a morte do pai de OJ e Emerald Haywood, que agora devem assumir a fazendo e manter o legado de sua família. Mas o que os irmãos não poderiam imaginar é que sua fazenda passaria a ser alvo de aparições extraterrestres, que acabariam instaurando um mistério no ar. A forma como a trama é conduzida é muito acertada, com bons momentos na narrativa, que seguem uma linha bem definida, fazendo com que as duas horas de filme se passem em um piscar de olhos, devido a imersão que o filme consegue causar.

As atuações do longa são do nível esperado para uma produção de Peele. Os personagens tem características próprias que se complementam e tornam a trama ainda mais envolvente. OJ Haywood é interpretado por Daniel Kaluuya, que entrega um personagem muito bom, com uma personalidade bem diferente de seus últimos trabalhos. Emerald Haywood ganha vida na atuação de Keke Palmer, que acaba se tornando a personagem mais carismática do longa, nos mantendo envolvidos com suas realizações. A personagem é muito divertida e tem ótimos momentos em tela.

Vendo de forma mais generalizada, as atuações do longa são todas acertadas, cada personagem consegue se estabelecer bem dentro do tempo que tem em tela, rendendo momentos bem icônicos, como o caso de Antlers Holst, o fotográfo fascinado por capturar momentos únicos, interpretado por Michael Wincott. Seu personagem tem um momento que me surpreendeu muito próximo da reta final do longa.

A maneira que Peele constrói a narrativa do filme é muito intrigante, alimentando nossa curiosidade do início ao fim com relação aos eventos que estão acontecendo. E a melhor parte está na revelação da grande surpresa acerca do ataque extraterrestre. Confesso que me surpreendi muito com a ideia que o diretor colocou em tela. Comparando com A Chegada, posso dizer que a ideia central é tão original quanto, se não mais. Esse conceito de filmes de aliens já está tão batido que podemos pensar que é dificil alguém inovar nesse conceito, mas Peele consegue fazer isso muito bem, mantendo sua marca como diretor.

A ambientação do filme é totalmente favorável para o tema ser desenvolvido. Os cenários são grandes e vazios, o que aumenta a sensação de tensão ao longo da trama. As escolhas de cenários não poderiam ser mais acertadas. A fazenda onde se passa a trama é um terreno enorme e com aquele aspecto de imensidão, que parece não ter fim, o local perfeito para rolar um contato com uma espécie extraterrestre inesperada.

Não! Não Olhe! é uma surpresa impressioante que tive no cinema. A experiência foi muito envolvente, que fez com que o tempo passasse sem que eu me desse conta. O roteiro foi bem planejado, a trama se interliga muito bem e mantém o mistério até o último minuto, sem forçar a barra. As atuações também mantém o nível dos trabalhos de Peele, o que impressiona graças ao talento dos atores envolvidos. De todos os filmes com temática de aliens que já vi, esse ocupa um lugar de destaque pela sua originalidade e maneira como foi conduzido. É difícil falar desse filme sem dar spoilers, mas não quero estragar sua experiência, portanto, quando tiverem a chance, não percam!

Não! Não Olhe! está em cartaz nos cinemas do Brasil.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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