O novo longa de suspense da Netflix, baseado no livro de homônimo de Sarah Alderson, Naquele Fim de Semana, é mais uma das produções que tentam desenvolver uma boa trama de assassinato e mistério, mas que tropeça em certos detalhes. No filme, acompanhamos Kate e Beth, duas melhores amigas que combinam um final de semana especial, em que pretendem festejar. Após uma longa noite de festas e bebidas, as duas retornam para seu apartamento acompanhadas de garotos de programa, Beth está completamente desacordada e é colocada na cama para dormir, enquanto Kate segue festejando com os dois rapazes. Na manhã seguinte, quando Beth acorda, ela percebe que sua amiga Kate desapareceu e não atende o celular. A partir dai, Beth fará de tudo para descobrir onde sua amiga está e o que havia acontecido na noite passada, da qual não se lembrava, apenas poucos flashs.
A proposta da produção é deixar os espectadores na mesma situação de Beth, sem saber de nada e desconfiando de todas as possibilidades, o que funciona bem a primeiro momento. Cada personagem com quem ela interage parece suspeito e cria uma atmosfera de dúvida sobre ser ou não culpado de algo. Embora não haja muitos indíviduos para se suspeitar, aqueles que aparecem em tela possuem cada um o seu próprio modo de reagir aos acontecimentos e de serem suspeitos do possível desaparecimento. No desenrolar da história, Beth conhece o taxista Zain, que tenta ajudar a protagonista a reunir pistas sobre sua amiga desaparecida. Ela também vai a delegacia fazer a denúncia, o que não dá muito certo, pois o policial apresenta um comportamento duvidoso e não leva o desaparecimento de Kate a sério, sugerindo que elas seriam as responsáveis por se meterem em problemas, o que frustra bastante a protagonista, que se sente cada vez mais acuada. Outro personagem que ajuda Beth é o senhorio do hotel que as duas estavam, ele chega a oferecer um quarto para que ela fique mais tempo por lá para descobrir o que realmente aconteceu.
O desenrolar da história é rápido, os acontecimentos tem um ritmo agradável e não se enroscam muito para desenvolver a trama, porém, toma certas decisões que deixam o resultado um pouco duvidoso, que não posso mencionar sem que estrague sua experiência. A forma como o roteiro elabora o mistério sobre quem é o responsável pelo desaparecimento de Kate é bem construído, deixando o espectador com diversas dúvidas a respeito do que de fato aconteceu. A medida que a história avança, Beth irá descobrir mais sobre o desaparecimetno de sua amiga, mas também segredos entre a amizade das duas que ela jamais imaginaria e que podem colocar em jogo tudo que está acontecendo. Até o último minuto do filme o verdadeiro culpado ainda está em suspeita, e mesmo quando tudo parece ter se resolvido, o filme consegue apresentar uma boa surpresa no final.
Um outro ponto que contribui bem para manter o bom clima de mistério são as atuações bem dosadas. Os personagens foram construídos de forma bem intrigante, a ponto de realmente confundir o espectador, que tentará desesperadamente descobrir o verdadeiro culpado na história. Claro que não estamos falando de algo extremamente complexo, obviamente, há outros longas que também já utilizaram desta mesma técnica para desenvolver o suspense, porém, no longa esse recurso também é bem utilizado e entrega um resultado interessante. A protagonista Beth é vivida por Leightoon Meester, muito conhecida por sua atuação em Gossip Girl, e aqui faz uma jovem mãe, que sai para se divertir com sua amiga, sem imaginar que sua vida não seria mais a mesma. A atriz consegue transmitir bem as emoções, criando uma empatia com o espectador, que fica na torcida para que ela consiga vencer aquela situação de alguma forma. Os personagens em torno de Beth são todos misteriosos e possivelmente suspeitos, e a trama contribui para pensarmos isso, pela forma como cada um é desenvolvido ao longo do filme. Nesse ponto o filme consegue nos prender de forma eficiente.
O filme tem boas localizações, com ambientes interessantes, mas acaba pecando na repetição de cenas muito parecidas, que tornam a experiência um pouco cansativa. Alguns enquadramentos são ruins, e se não fosse pelo roteiro misterioso que consegue nos prender, reduziria bastante o impacto dos acontecimentos. Algumas sequências também são desenvolvidas de formas muito ilógicas, como a perseguição que acontece mais a frente no longa, que deixa bem vísivel esses problemas básicos da direção. A diretora Kim Farrant toma algumas decisões questionáveis quanto a parte mais agitada do filme, deixando escapar algumas coisas, porém ela acerta na forma de guiar o suspense. De forma geral, o filme tem um visual agradável, embora não explore muito isso para focar mais no mistério do desaparecimento, colocando os personagens para agirem contra o tempo, a fim de solucioná-lo. Porém, algumas pontas ficam soltas, o que poderia ter sido facilmente resolvido se fosse dado a devida atenção.
Se você gosta de um bom suspense, com um mistério interessante que se desenvolve de maneira agradável, Naquele Fim de Semana pode ser um bom entretenimento. O roteiro foi bem adaptado do livro e consegue transmitir as tensões típicas do gênero, mesmo com os clichês. As atuações também funcionam muito bem no filme, o que deixa a experiência mais interessante. As ressalvas ficam por conta das repetições nas cenas, no uso limitado do potencial visual e também de sequências que são jogadas no filme de qualquer jeito, sem amarrá-las com o desfecho. Naquele Fim de Semana está disponível na Netflix, e possuí 1h29 de duração.