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Crítica: No Ritmo do Coração (CODA) ★★★★☆ (2021)

(Reprodução)

No Ritmo do Coração (CODA) está disponível na Amazon Prime Video, é um filme original da Apple Tv +. Dirigido e roteirizado por uma mulher, Siân Heder, é uma adaptação americana do filme francês A Família Bélie (2014).

No elenco principal estão:  Emilia Jones (Locke&Key), Troy Kotsur, Daniel Durant e Marlee Matlin.

O filme estreou no serviço de streaming no dia 07 de janeiro, está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante – Troy Kotsur e, no Festival de Sundance de 2021, ganhou os prêmios de Melhor Filme por público e júri, Melhor Diretor e Melhor elenco.

A sinopse oficial do longa conta que: “Ruby (Emilia Jones) é a única pessoa que escuta em uma família com deficiência auditiva. A vida da jovem sempre foi ajudar o irmão e os pais nas tarefas do dia e no negócio de pesca da família, mas logo ela se envolve no coral da escola e se vê dividida entre seguir seu sonho na música ou ajudar a família.”

(Reprodução)

O título original, CODA, vem da sigla da organização internacional Children of Deaf Adults (filhos de pais surdos, em tradução livre), nome também usado no Brasil para se referir às pessoas que são ouvintes e têm pais que são deficientes auditivos.

E essa criança que é ouvinte é Ruby, que na verdade já é uma adolescente, passando pela fase da vida em que se apaixona pelo garoto mais popular da escola, em que tem um sonho de se tornar cantora e que quer começar a caminhar a sua própria vida, independente de sua família. No entanto, a problemática já se insere logo nas primeiras cenas do filme, mostrando que a família de Ruby é totalmente dependente de sua capacidade de ser a intérprete para se comunicarem com as demais pessoas de sua cidade.

Tal necessidade de ajudar sua família se mostra cada vez mais exaustiva para a protagonista, já que ela possui uma paixão pela música e pelo canto e sente que precisa de mais tempo para ser uma adolescente “normal”, com responsabilidades condizentes com sua idade.

Isso acaba gerando conflitos com toda a sua família, sua mãe Jackie (Marlee Matlin), acredita que ela tem o dever de ser intérprete e ajudá-los como sempre fez, seu pai Frank (Troy Kotsur), tenta agir com bom humor quando a filha está chateada e se mostra mais sensível aos desejos dela, mas que também acha que ela tem que continuar nos negócios da família, e seu irmão mais velho Leo (Daniel Durant), se sente deixado de lado pelos pais, como se ele não fosse capaz de assumir as responsabilidades do sustento da família.

Todas essas questões individuais vêm para demonstrar as dificuldades que as pessoas deficientes auditivas enfrentam cotidianamente ao ter que se comunicarem e se socializarem em um lugar em que ninguém mais sabe a linguagem de libras.

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Como se não bastassem esses problemas familiares, Ruby tem de lidar com o bullying que sofre na escola, por ser uma estudante que tem que trabalhar na pescaria e não ter tempo para ter uma vida normal de uma adolescente. Mesmo assim, ela entra para o coral da escola para seguir seu sonho de cantar.

Nesse momento ela conhece e cativa seu professor de música, Bernardo (Eugenio Derbez), que enxerga seu potencial e tenta, de maneira cômica e estressada, ajudá-la a começar a trilhar o caminho da música. Para isso, Ruby necessita se dedicar ainda mais ao canto, gerando um conflito com seus pais que não entendem a paixão de sua filha pela música e querem que ela continue ajudando nos negócios da família, ao mesmo tempo, eles não sabem se ela realmente é uma boa cantora, o que gera muita incerteza em apoiá-la nesse sonho.

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A diretora soube muito bem explorar essa problemática da dependência que os deficientes auditivos têm para serem totalmente independentes de um intérprete, mas muito melhor em demonstrar que isso não é uma tarefa impossível. O filme é muito feliz em relatar esse problema que temos de enfrentar em nossa sociedade, mas também em apresentar a solução para o problema, com uma sensibilidade e leveza que enche os olhos de lágrimas.

Os pais e o irmão de Ruby são atores surdos “na vida real” e que somente se comunicam com a linguagem de sinais em suas cenas, dessa forma, o espectador se insere na atmosfera sem som do filme. A capacidade dos atores de se expressarem sem usar a voz dá muito prestígio às suas atuações, bem como à atriz Emilia Jones, que interpreta a Ruby, por ter de se comunicar habilmente em linguagem de libras, na dramaticidade e no seu canto, todos esses fatores contribuíram para que a crítica aplaudisse o longa e para que ganhassem as premiações mais importantes do mundo do cinema.

CODA possui o clima de um filme leve, um drama meio comédia, que pode ser assistido por toda a família, é simples, é comovente, sem cair no clichê de “filme de sessão da tarde”, é inspirador e, ao mesmo tempo, ascende a questão dos problemas enfrentados pelos deficientes auditivos e de seus familiares, sem deixar de explorar o drama e a busca pelo sonho de cantar da personagem principal. É aquele filme em que se torce para tudo dar certo no final.

Sobre Pamella Kubotani

Bacharel em Ciências Econômicas. Nerd desde a época em que isso não era "cool". Apaixonada por super-heróis, por aventuras sobre o "um anel", e pelo o infinito e além. Adm do perfil @garotasupernerd no instagram.

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