Crítica: O Exorcista do Papa ★★★☆☆ (2023)

Inspirado na vida e obra do Padre Gabriele Amorth, Chefe Exorcista do Vaticano, o filme O Exorcista do Papa retrata a luta deste emblemático personagem contra as forças demoníacas. Tendo realizado mais de 100.000 exorcismos e autor de duas obras autobiográficas, Amorth, interpretado por Russell Crowe, investiga a aterrorizante possessão de um garoto, desvendando uma conspiração oculta que o Vaticano procura esconder.

Filmes de exorcismos costumam ser bem repetitivos, sem muitas inovações e apelando para os clichês mais básicos do gênero. Entretanto, neste longa temos uma história envolvente, que revela os bastidores da religião católica de uma maneira bem intrigante. Por ser baseado em fatos, o longa conseguiu ganhar meu interesse por apresentar os eventos sob uma perspectiva diferenciada, nos mostrando a prática do exorcismo em uma instituição que já foi considerada uma das mais poderosas do mundo.

A trama do longa é intrigante, o carismático exorcista Amorth é designado diretamente pelo Papa para solucionar um caso de possessão na Espanha. Lá ele é ajudado por um sacerdote, interpretado por Daniel Zovatto, e juntos eles irão descobrir segredos obscuros que a igreja católica tenta esconder a séculos. A trama não é baseada em nenhum dos relatos reais do padre, porém, os roteiristas Michael Petroni e Evan Spiliotopoulos, utilizam o máximo de informações autobiográficas do padre para construir a trama.

Apesar dos absurdos conspiracionistas incluindo a Igreja Católica, o filme tem seus méritos ao criar uma trama interessante de acompanhar, mantendo-nos presos aos eventos. O filme abusa do confronto entre o bem e o mal para construir sua ambientação de terror, mas deixa um pouco a desejar no que diz respeito a assustar. Inclusive, o filme parece mais uma exaltação mitológica do padre que um filme de terror de exorcismo.

A atuação de Russell Crowe é bem marcante no longa. A maneira como o ator incorpora o estilo do padre é muito boa, graças ao seu carisma, o personagem do padre se torna interessante. O estilo debochado do padre aliado a interpretação de Crowe é uma combinação bem inusitada que gostei muito, inclusive o detalhe brilhante do padre se locomovendo de motinha para seu trabalho. De forma geral, as atuações do longa são bem desenvolvidas, cada uma com seu mérito.

A direção de Julius Avery é acertada na maior parte do tempo, o uso dos cenários para criar a tensão tem lá os seus pontos positivos, mas a falta do terror prejudica um pouco. O longa foca em criar uma visão mítica do padre, colocando-o como uma espécie de “herói”, pronto para combater um mal antigo que se espalha de dentro da igreja católica para fora, no mundo. Na maior parte do tempo estamos mais focados na narrativa envolvendo as manias do padre e seu modo de ser do que no terror da possessão demoníaca.

O Exorcista do Papa é um bom filme, mas não pense que se trata de um filme assustador, que te deixará de cabelo em pé, mas sim de um filme que procura apresentar para o mundo essa figura curiosa do padre Amorth. A trama é bem estabelecida, com elementos bem interessantes que prendem a atenção do espectador. Russel Crowe entrega uma atuação muito convincente e divertida do padre Amorth. A direção do longa acerta na construção da ambientação, mas falha no terror que assusta. Se você curte filmes de exorcismos que tem como objetivo assustar, esse pode não ser pra você, mas, se você deseja conhecer um personagem excêntrico que trabalhou em uma instituição poderosa, pode se divertir com o filme.

O Exorcista do Papa está em cartaz nos cinemas brasileiros.