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Crítica: O Exorcista – O Devoto ★★★☆☆ (2023)

(Reprodução)

Revisitar um clássico como “O Exorcista” é uma tarefa audaciosa. O filme original de 1973, dirigido por William Friedkin, estabeleceu um padrão elevado no gênero de terror, tratando o sobrenatural com um realismo inigualável. A responsabilidade de criar uma sequência para tal obra-prima é, sem dúvida, imensa.

“O Exorcista: O Devoto” nos apresenta uma trama intrigante. A ideia de ter não apenas uma, mas duas crianças possuídas é audaciosa. A trama traz uma abordagem renovada, mas ao mesmo tempo, respeitosa ao legado do original. O filme faz o melhor ao seu alcance e não decepciona. Ao menos, nem tanto.

A história gira em torno da dinâmica entre duas famílias americanas da Geórgia, uma negra e uma branca, explorando suas relações com a religião. O filme defende a união como a única força capaz de afastar o mal, culminando em uma cerimônia de sincretismo religioso. A trama é bem desenvolvida, mantendo o espectador engajado e envolvido com a forma como diferentes religiões são entrelaçadas. Por mais “piegas” que pareça essa dinâmica, ela é funcional.

Quanto às atuações, Leslie Odom Jr. e Ellen Burstyn se destacam. Os personagens são bem construídos e se encaixam perfeitamente na narrativa. O retorno de personagens clássicos, especialmente Chris MacNeil, interpretada por Burstyn, pode parecer uma jogada de marketing, mas é bem executado. De maneira geral, as atuações são boas e se encaixam de forma eficiente na atmosfera do filme.

Visualmente, o filme é bem realizado. A direção de David Gordon Green entrega enquadramentos muito bem feitos, que contribuem para um clima de terror palpável. A cena do exorcismo final é particularmente impressionante. No entanto, o terror, em alguns momentos, pode parecer um pouco superficial e até mesmo bobo. Apesar disso, o filme funciona bem, com um terro funcional. O realismo no terror esta lá, mesmo que em diferentes dosagens se compará-lo com o original.

É impossível falar de “O Exorcista” sem reconhecer seu impacto no mundo do cinema. O filme original moldou o gênero de terror, estabelecendo padrões e inspirando inúmeras produções. Esta continuação não apenas presta homenagem ao original, mas também abre portas para um universo mais amplo a ser explorado. O tema de exorcismo pode parecer um pouco “cansado” devido a sua ligação com o cristianismo, entretanto, o filme mostra outros caminhos que podem ser explorados para amenizar essa baixa.

Em conclusão, “O Exorcista: O Devoto” é uma adição interessante ao legado do original. Apesar de alguns deslizes, é uma experiência envolvente que pode agradar os fãs do gênero. Se for ver o filme, vá de cabeça aberta, só assim a experiência pode ser mais aproveitável.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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