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Crítica: O Mundo Depois de Nós ★★★★☆ (2023)

(Reprodução)

A Netflix enriqueceu seu catálogo com “O Mundo Depois de Nós”, um filme que se destaca na categoria de suspense reflexivo, uma marca registrada da plataforma. Dirigido pelo talentoso Sam Esmail, conhecido por seu trabalho em “Mr. Robot”, este longa se destaca por sua narrativa conceitual e ritmo deliberado, nos colocando questões bem interessantes sobre a natureza humana e a sociedade.

A trama segue uma família, liderada por Ethan Hawke no papel de um pai dedicado e Julia Roberts como uma mãe desconfiada e paranóica, que busca refúgio em uma casa isolada na floresta. O que começa como uma fuga do ritmo acelerado da vida urbana rapidamente se transforma em um pesadelo quando um ataque global de hackers desencadeia um caos sem precedentes. A chegada inesperada de dois estranhos, interpretados magistralmente por Mahershala Ali e a talentosa Myha’la Herrold, desencadeia uma série de eventos que desafiam a percepção dos personagens sobre realidade e sobrevivência.

O filme explora temas pós-apocalípticos, um terreno fértil para reflexões sobre a natureza humana e a sociedade. Esmail habilmente constrói a narrativa, expondo a crise global de maneira crível e permitindo que os personagens reajam de forma orgânica. Apesar de um desenvolvimento por vezes lento, o filme compensa com reflexões profundas e diálogos ricos, destacando-se na forma como aborda a sobrevivência humana em tempos de crise.

Julia Roberts brilha como uma mãe consumida pela paranoia, trazendo uma intensidade palpável a cada cena. Ethan Hawke oferece um contraponto como um pai mais equilibrado, aceitando a nova realidade com uma calma resignada. Mahershala Ali adiciona uma camada de mistério e intensidade no filme. A participação de Kevin Bacon é bem interessante, como aquele personagem conspiracionista, já preparado para tudo. O roteiro acerta no desenvolvimento dos personagens e o de suas dinâmicas, um feito impressionante.

Visualmente, “O Mundo Depois de Nós” é um espetáculo. Esmail utiliza técnicas cinematográficas avançadas para criar cenas imersivas que complementam a atmosfera tensa do filme. Embora a estética seja impressionante, o uso excessivo de certos estilos de filmagem pode ser um pouco cansativo. Destaque para a cena muito bem filmada do navio invadindo uma praia, que ficou bem impactante.

Um ponto alto do filme é a personagem Rose, interpretada por Farrah Mackenzie, cuja obsessão em terminar de assistir à série “Friends” em meio ao caos global oferece uma reflexão intrigante sobre nossa relação com a ordem e a necessidade por normalidade em tempos de crise. Nos faz refletir: será que estamos sabendo lidar com as crises internas e externas? Até que ponto estamos apenas nos “conformando”?

Em resumo, “O Mundo Depois de Nós” é uma obra que, apesar de não ser perfeita, oferece reflexões valiosas sobre a condição humana e nossas interações em tempos de crise. É uma recomendação sólida para quem aprecia filmes que provocam pensamentos e discussões. Uma experiência que merece ser conferida na Netflix.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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