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Crítica: O Projeto Adam ★★★☆☆ (2022)

(Reprodução)

Muita ação e comédia com uma série de viagens temporais, eis a premissa de O Projeto Adam, novo longa que acaba de pousar no catálogo da Netflix. O filme já tem atraído a atenção do público há certo tempo, a minha inclusive, que após o trailer e saber o elenco, fiquei intrigado com o resultado. O filme começa com Adam Reed de 13 anos, que vive o luto da perda de seu pai e passa as dificuldades típicas da sua idade. No entanto, em uma noite em que ele vai até a garagem, encontra um piloto ferido, que diz ser a sua versão mais velha. Após alguns acontecimentos que desencadeiam em um perigo maior, as duas versões de Adam partem para cumprir uma missão a fim de impedir um grande desastre.

Não é um filme de ficção-científica que irá lhe dar explicações de como tudo funciona, o que inclusive o filme chega até a zombar quando o Adam do futuro é questionado sobre o funcionamento das viagens temporais. O objetivo do filme é mais entreter com uma história simples, recheada de clichês, que é bem desenvolvida.

Com uma premissa simples sobre viagens no tempo, sem a pretenção de fornecer grandes explicações, já fica evidente que o foco maior do filme estaria em outros elementos. A história esta presente, como um fundo no qual outros acontecimentos vão se revelando. O longa tenta trazer algumas reflexões acerca do luto e também do processo de crescer, mas nada que chegue a ser profundo, apostando muito mais no humor e nas boas cenas de ação. A forma como a trama é conduzida não chega a ser massante, mas tem alguns entraves que poderiam ter sido resumidos com tranquilidade. O começo do filme é um pouco lento, tentando construir um certo drama, para que então o herói decida assumir o protagonismo e partir para a aventura. Esse processo não chega a ser ruim, mas a forma como os clichês são construídos são as mais óbvias possíveis.

Em um filme com Ryan Reynolds (Deadpool, Free Guy, Alerta Vermelho) no elenco, é normal esperar um personagem debochado, a lá Deadpool, que é bem a cara do próprio ator. E aqui não é diferente, o personagem de Reynolds é semelhante a qualquer outro filme dele, o que muda é apenas o contexto e os trajes, até mesmo as piadas são recicladas de forma genérica. Reynolds interpreta o Adam do futuro e, como dito antes, o personagem é só um eco dos diversos outros que ele costuma dar vida. Mas nem só de Reynolds se faz um filme. O elenco também conta com Walker Scobell, a versão de 13 anos de Adam, que consegue dar vida a um projeto de Ryan Reynolds menor, conseguindo linkar bem a personalidade do ator com o personagem, parecendo mesmo sua versão mais jovem. Mark Ruffalo (Vingadores: Ultimato) é o pai dos Adam, Louis Reed, um físico dedicado ao trabalho que nem sempre é presente em casa com a família, o básico de uma narrativa do pai distante. Louis é o responsável por inventar o método de viagem temporal e a maior decisão da trama recai em suas mãos. Também temos no elenco Jennifer Garner (Dia do Sim, Com amor, Simon), a mãe de Adam, que tem sua participação no longa bem curta, quando tenta criar o drama familiar presente no início. E não menos importante, Zoë Saldaña (Vingadores: Ultimato, Link Perdido) interpreta Laura, uma mulher casaca grossa que aparece nas melhores cenas de ação do filme brilhando com seus talentos para este tipo de cena. Laura também é o par romântico de Adam e tem uma parte importante na narrativa central do longa.

A direção do longa está nas mãos do canadense Shawn Levy, que já trabalhou com Reynolds e tem uma extensa experiência com filmes de aventura com elementos de fantasia. A forma como Levy conduz a trama do filme é muito boa, bem agradável, apenas com as ressalvas citadas antes. O diretor sabe filmar boas cenas de ação, entregando resultados visualmente impressionantes, com ótimos efeitos especiais. É bem fácil de perceber que o filme se passa a maior parte em fundo verde, com CGI, mas isso em nenhum momento chega a ser algo ruim ou que reduza a diversão do filme, optar pelo uso desta técnica combinou com o tipo de narrativa fantasiosa que o filme se dispõe a contar. Os efeitos são bons e o resultado é ainda melhor nas cenas de ação, que foram muito bem conduzidas, com boas performances e bons enquadramentos. 

O Projeto Adam é o típico sci-fi sem grandes pretensões, que apenas brinca com elementos científicos para construir uma narrativa fantástica e intrigante, o que faz bem a ponto de tornar a experiência muito divertida. O elenco também se encaixa perfeitamente, com atuações já manjadas e bem caricatas, típicas dos atores envolvidos, mas que funcionam bem na proposta. O maior destaque são os efeitos visuais e a condução da direção bem elaborada de Levy, que consegue captar bem os elementos essenciais para um bom filme de aventura. O longa da Netflix é um entretenimento de fácil degustação, que pode agradar quem optar por dar o play para se divertir, sem esperar grandes cosias. O Projeto Adam está dispoível na Netflix com 1h46 de duração.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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