Antes de discorrer sobre minha experiência sobre o filme, gostaria de pedir ao nosso redator-chefe que adicionasse uma categoria 5 estrelas plus, pois, Os Muitos Santos de Newark extrapolam nossa métrica!
Talvez a melhor série já criada, Família Soprano (1999 – 2007), não fosse merecedora de continuação, de qualquer formato, isso até Os Muitos Santos de Newark (2021), pois o filme, dirigido por Alan Taylor, com a participação de David Chase – mesmo diretor da série – é uma das melhores homenagens à série. Já tivemos outras experiências de filmes como continuação ou como adendo, o último que segue o legado de uma série fantástica foi El Camino: A Breaking Bad Movie (2019), que narra a saga de sobrevivência de Jesse, depois dos eventos de Breaking Bad, mas o filme não fez jus à série.
Com o histórico de filmes de séries que não são merecedores de créditos dignos, Os Muitos Santos de Newark, chegou com uma névoa de receios, ainda mais por se tratar de uma prequela, onde acompanhamos o jovem Toni Soprano. E aí é que tá!!! O filme não é sobre o Toni, é sobre outros personagens, em especial Dick Moltisanti (Alessandro Nivola) que protagoniza as melhores cenas e os melhores diálogos – Dick é 0 pai de Chris Moltisanti.
Os eventos do filme se passam nos anos 60 e 70, e algumas cenas são cenas presentes na série, como a prisão do pai de Toni no parque de diveesões e a cena em que o pai do Toni atira no cabelo da sua esposa. E além das cenas que já vimos na série, outras são fantásticas, como Paulie falando sobre os problemas de sua mãe, Pussy sendo apresentado à família, a cena em que Toni e Carmelia são jovens e tentam comprar cerveja (essa cena é um deleite e importante para o futuro de Toni) e a cena em que Chris, ainda bebê, conhece Toni e alguém diz que o bebê estava chorando porque ele sabia de alguma coisa lá da outra vida, uma refêrencia ao que aconteceria entre Chris e Toni na série.
Mas o melhor de tudo é a trama, se tirarmos as refêrencias à série, ainda sobra um ótimo filme de máfia. Tudo gira ao redor de Dick, que tenta levar à família em meio ao contexto conturbado das revoltas raciais dos Estados Unidos, com eventos inspirados nos distúrbios de Los Angeles e de Detroit. E nesse interím, temos outros personagens, como Harold Mcbrayer (Leslie Odom Jr.), um homem negro que peita a máfia italiana e é responsável pela sequência de ação mais marcante do filme.
Como a série, o filme traz a presença de animais de forma enigmática e como completude para as narrativas, como a cena do pássaro na garagem, além das “cenas de quase”, cenas que parecem que vai acontecem uma coisa e acontece outra, deixando o espectador com o coração na boca. Sem falar no final sem final, mas diferente da série, o último ato do filme é surpreendente, pois junior (Corey Stoll) vai ganhando espaço e sabemos, no começo da série, que ele é o chefe da família Soprano. E acompanhamos essa fagulha da ascenção do Junior no mestilo Sopranos.
De ambientação à trilha sonora, Os Muitos Santos de Newark, é um filme fantástico, podemos considear que ele bate de frente com filmes clássicos como Bons companheiros 1990, por exemplo. A ambientação e os figurinos são muito fiéis e os personagens usam linguagens da época, às vezes usando muitos termos racistas e machistas que condizem com a época. Os personagens são verdadeiros mafiosos, mais até que na série, o que faz muito sentido, já que a série se passa nos anos 90-2000 e o estereótipo de máfia italiana já tinha sido derrubado.
Os Muitos Santos de Newark está disponível na plataforma HBO-Max.