Simplesmente a obra mais sensível da Marvel. Abrindo esta crítica, é necessário falar sobre Chadwick Boseman, o Pantera Negra original. O segundo filme é dotado de sensibilidade e respeito, tanto com o ator, quanto o personagem. Sem se dedicar a explicar a morte de T’Challa, mas fazendo-a parte do roteiro e colocando peso nisso.
Logo no começo, como já é de se esperar, o filme apresenta a morte e o funeral de Tchalla, em cenas lindas e com um detalhe que tornou cada momento mais impactante: o silêncio. Ryan Coogler, o diretor, e sua equipe de som fazem do silêncio uma poderosa arma que prende, emociona e cria tensões no espectador. Sendo utilizado nos momentos de respeito a Boseman/T’Challa e em momentos tensos que envolvem Namor.
Ludwig Göransson, o responsável pelas composições para o filme, é um dos protagonistas secretos do filme. É impossivel não ser inserido no filme pela trilha sonora. Ludwig Göransson compôs as músicas do primeiro filme e levou um Oscar e um Grammy pela trilha sonora do filme. Aqui ele é responsável não só por repetir a grandiosidade da sonoridade africana, mas por apresentar Talocan, a terra natal de Namor.
Sendo um filme composto por um grande elenco, como Letitia Wright, Angela Bassett, Danai Gurira; Tenoch Huerta (Namor) consegue se destacar, sendo o personagem mais carismático do filme, entretanto um péssimo vilão – não em sua atuação, mas em sua composição o que o torna mais crível.
Tudo que envolve Namor é fantástico. A representação da mesoamérica submersa, os figurinos e o idioma, respeitam as culturas mesoamericanas. E nesse bolo de construção estética de personagem, a cereja é a cena em que Namor está em seu trono, cena que aparece em um dos trailers, todo o visual da cena é de alegrar aos olhos e de encher o espectador de ansiedade pelas cenas que virão.
Shuri (Letitia Wright) não brilha, mas não decepciona. Do elenco de Wakanda temos Rainha Ramonda (Angela Bassett) com a melhor interpretação, contracenando com Okoye (Danai Gurira) em uma das cenas mais emocionantes (que não envolve Boseman).
E se o filme tem um erro, ele se chama Iron Heart (Dominique Thorne), a personagem não se encaixa, toda decisão de roteiro ou direção que envolve a personagem é facilitadora para ela. Uma jovem super-gênio, destemida e aventureira, mas que “cai” na trama e se adequa muito rápido não combinou com o tom do filme. Fora que ela é a peça chave de todo alívio cômico do filme – que funciona uma vez ou outra. Mas como Iron Heart é parte do roteiro e da trama, não é indispensável, porém é mal colocada no filme.
Entre boas atuações, visuais deslumbrantes e uma excelente trilha sonora, Wakanda Para Sempre tropeça no roteiro, um objeto principal do filme (segurarei os spoilers) é único e isso nem faz sentido; a criação da armadura da Iron Heart, não faz sentido; a motivação vilanesca de Namor, faz pouco sentido; e por aí vai. Mas não pense que isso pesa negativamente, apenas faz parte do show, já que isso tudo funciona perfeitamente na trama e na tela.
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é a melhor produção Marvel de 2022, repete o feito do primeiro filme, apresentando uma África futurista e rica em detalhes, um vilão revoltoso com a história de seus ancestrais e um final bem construído. Obviamente que por ser um filme da Marvel, tem seus pecados em deixar ganchos para o futuro.