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Crítica: Pinóquio ★★★★★ (2022)

(Reprodução)

Após anos tentando dar vida a sua versão de Pinóquio, eis que a Netflix abraça finalmente a ideia de Guillermo Del Toro e produz a tão sonhada versão do diretor. Mesmo com uma história que já foi contada algumas vezes, e até mesmo enquadrada na fórmula Disney, o conto clássico de Carlo Collodi precisava de mais uma versão, dessa vez, sob uma perspectiva totalmente diferente.

Na animação de Del Toro, a história de Pinóquio é contada em meio ao fascismo na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, o que já é suficiente para deixar a narrativa com um tom mais pesado. Principalmente se levarmos em conta o histórico de Del Toro com essa temática. Mas isso ainda não é tudo, a animação tem o melhor stop-motion que já vi nos últimos tempos, algo realmente impressionante. Essa combinação é suficiente para entregar esta obra-prima da animação.

A trama de Pinóquio se esbarra em diversos tipos de conceitos, trabalhando o luto, a amizade, o amor e a guerra. Esses conceitos são expostos dentro da visão de mundo do jovem menino de madeira, que com tudo se impressiona e se alegra. Os eventos da narrativa se desenrolam de forma muito satisfatória, apresentando bons diálogos e mensagens que ressaltam a importância da luta contra o autoritarismo. Entretanto, se compararmos com O Labirinto do Fauno, que também aborda a mesma temática, o filme fica um pouco para trás na forma que trata desse elemento, mas é compreensível, talvez, por se tratar de uma animação infantil. Ainda assim, as mensagens são bem apresentadas e cumprem o seu papel.

Os persoangens do longa são incrivelmente carismáticos, principalmente o Grilo Falante, que ganha vida na voz de Ewan McGregor. Mas não era para menos, afinal, o elenco de voz da animação tem nomes de peso, além de McGregor, como: Gregory Mann, Finn Wolfhard, Ron Perlman, Tilda Swinton, Cate Blanchett, entre outros. Os personagens tem bons momentos, agregando de forma muito positiva na narrativa. Os diálogos de Pinóquio são bem reflexivos, carregados de mensagens importantes. Cada personagem que confronta Pinóquio em sua jornada, acrescentam algo para o jovem e o força a enfrentar essas novas situações da sua maneira.

A qualidade da animação é simplemente impecável. É possível ver o zelo no trabalho que foi feito em Pinóquio. Os cenários são incríveis, a movimentação dos personagens, os ângulos das cenas são impactantes e transpõe muito bem as intenções estéticas de Del Toro. A cena de criação do Pinóquio é impressionante, deixando aquela ideia mais feliz e amigável, passando uma sensação mais próxima da criatura de Frankenstein, sendo construída em meio a um cenário sombrio, imerso em dor e sofrimento. A estética dessa animação está carregada de toda a experiência cinematográfica de Del Toro e os fãs do diretor irão encontrar cada referência em seu devido lugar.

Dei play nesse filme sem grandes expectativas e fui completamente conquistado pelo enorme carisma dessa produção. A forma como Del Toro constrói a narrativa é envolvente, mantendo-nos conectados com os personagens e o desenrolar da trama. Recheado de críticas e lições de vida, a animação fica muito além de um simples entretenimento juvenil, e pode surpreender quem procura algo mais imersivo e reflexivo. O total destaque é a qualidade fascinante do stop-motion. Tudo foi construído de forma inacreditavelmente detalhada, com cenários bonitos, personagens fluídos e efeitos práticos e especiais muito bem realizados. Para os fãs de animação stop-motion, como eu, esse é um prato cheio, que sem dúvida irá te entreter.

Pinóquio está disponível no catálogo da Netflix.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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