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Crítica: Resident Evil: Bem Vindo a Raccoon City – ★★★★☆ (2021)

(Reprodução)

Longe de ser uma adaptação perfeita dos games, Resident Evil: Bem Vindo a Raccoon City entrega uma nova perspectiva sobre a aclamada franquia, e claro, muito fan service. A história do filme se passa no mesmo período que Resident Evil 1 e 2, mesclando a narrativa e trazendo pontos diferenciados na forma de estabelecer a trama. Ainda que haja mudanças em sua estrutura base, o reboot consegue acertar a dose naquilo que se propõe a arriscar. Somos apresentados para um versão diferenciada da equipe de heróis conhecida dos games, alterando suas origens, mas não de forma a tornar ruim suas histórias, mas com o objetivo de melhor inseri-los em uma trama cinematográfica. A proposta de survival horror é mantida e temos bons momentos de tensão e susto ao longo do filme, que embora seja curto, soube aproveitar as cenas de forma satisfatória.

As críticas que o filme sofreu antes do seu lançamento sempre foi direcionada para os persoangens e a falta de fidelidade com aqueles que vemos nos games. Mas agora após voltar da sessão do filme, adianto que as atuações não são de longe o problema deste reboot, muito pelo contrário, graças as atuações, pela primeira vez temos um filme baseado em um jogo que não caiu na forma grotesca da caricatura e conseguiu dar personalidades únicas e imersivas para os personagens. Obviamente que irei destacar a atuação incrível de Kaya Scodelario, que viveu Claire Redfield e fez da persoangem uma heroína mais do que preparada para carregar o filme nos ombros. No reboot o passado de Claire e seu irmão, Chris Redfield, vivido por Robbie Amell, foi alterado e criado um novo pano de fundo em que os irmãos sempre estiveram ligados a Umbrella, algo que distancia da lore dos games mas que funciona muito bem no ambiente cinematográfico. Leon S. Kennedy interpretado por Avan Jogia, também me agradou muito e conseguiu sintetizar bem aquilo que se espera de um prolicial novato inserido em um contexto apocalíptico sinistro. Claramente que o personagem de Avan funcionou como o alívio cômico do filme e não como o brucutu casca grossa que é conhecido pelos fãs a partir de Reisdent Evil 4, mas isso se deve ao fato óbvio de que esse é só o começo da jornada de Leon, ou seja, podemos esperar uma evolução do persoangem até chegarmos no cara durão que conhecemos. Outra interpretação que não apenas me surpreendeu, mas que também me cativou bastante pela simplicidade e originalidade na construção é a Jill Valentine de Hannah John-Kamen. O persoangem da atriz não havia recebido o devido foco nos trailers e não sabiamos ao certo como seria sua participação, mas após ver o filme posso afirmar que a personagem funcionou muito bem, mesmo com sua história sendo resumida no filme. Albert Wesker de Tom Hopper também foi altamente funcional e passou um pouco da postura sinistra do grande vilão, e não saia da sala antes da cena extra, ela vai te deixar ainda mais intrigado com o personagem. Os outros persoangens secundários que foram apresentados também foram bem introduzidos, dentro dos limites de uma adaptação. A família Birkin teve sua origem alterada, mas nada que faça o rumo da trama ser atrapalhado, e no fim acabam interligando as coisas de forma bem funcional. No geral, as atuações foram bem satisfatórias para um filme de baixo orçamento, com poucas performances caricatas, mesmo que o filme tendesse a isso.

A lore do filme é talvez o que pode incomodar mais os fãs, principalmente por tentar adaptar dois jogos em apenas um filme. A primeira impressão que tive é que o filme ficou um pouco corrido, sem tantos momentos para desenvolver detalhes que são bem mais explorados nos games. Mas parando para pensar, não faria sentido que o filme seguisse o mesmo formato de desenvolver a história que o jogo. O diretor Johannes Roberts precisou tomar decisões de cortes importantes para conseguir trazer este universo complexo para as telonas, de forma que não perdesse a sua essência. A decisão por contar a história dos dois primeiros games ao mesmo tempo pode parecer um pouco audaciosa e talvez um erro, mas o diretor consegue unir os principais pontos e tornar a história muito mais crível para um novo público que não conhece a trama dos jogos. E claro, não faltaram fan services neste filme, portanto, se você é fã, prepare-se para se deparar com referências muito bem colocadas, que remetem diretamente aos jogos e passam uma sensação de imersão muito única, como por exemplo a cena em que Wesker tem de tocar uma música no piano para abrir uma porta secreta, se isso não é Resident Evil, eu não sei mais o que poder ser. Também temos fortes referências ao game Resident Evil: Code Veronica, com imagens mostrando os gêmeos e também introduzindo eles com uma nova trama. A narrativa teve alguns pequenos furos, mas nada que estrague a experiência de quem não espera deste filme um ctrl c – ctrl vdos games. Alguns erros de continuidade e principalmente de perspectiva espacial me fizeram rir mais do que me incomodaram. Um ponto negativo no desenvolvimento da trama é o fato dos vilões terem sido pouco explorados, em alguns momentos fiquei com a impressão de que teríamos um grande combate contra os chefes, mas que acabaram sendo um pouco rasos. Mas isso é compreensível dado ao fato de que o longa prefere focar no desenvolvimento dos personagens e na relação entre eles, o que funcionou muito bem, principalemtne com a dupla Claire e Leon, que possuem uma química excelente. De modo geral, a história se distancia dos games de forma mais generalizada, mas se aproxima nos momentos necessários para trazer as referências certeiras e fazer avançar a trama.

Outro grande medo do fãs foi com questão a qualidade dos efeitos especiais, tendo sido muito crtiticado no lançamento do primeiro trailer, Muitos comentaram que o CGI era de baixa qualidade e que não estava no mesmo patamar dos games. Mas algo que foi pouco mencionado, ou que não foi, é o fato de o filme possuir um baixo orçamento, o que impossibilita um resultado muito elevado no quesito gráfico. Mas em contra partida temos ótimos cortes de câmera e excelentes cenas de ação, como a cena em que Chris enfrenta uma horda de zumbis na mansão Spencer, a sequência de ação funcinou muito bem e passa um clima de tensão e horror bem típico dos games. Também temos acertos no posicionamento da câmera para se assemelhar com a experiência dos games, com diversos momentos onde os cortes lembravam bastante a câmera sobre os ombros dos jogos mais recentes. Talvez o que tenha faltado seja a câmera travada em uma posição fixa, para remeter um pouco aos clássicos. Mas no geral, os cortes estavam excelentes e contribuem para a imersão com ambiente do longa. A maquiagem dos zumbis estava satisfatória assim como os inimigos feitos em CGI, principalmente o Licker, que ficou muito bem feito e a cena em que ele aparece é muito boa, remetendo à sua aparição icônica no segundo jogo da franquia. Para o propósito do filme, os efeitos gráficos foram mais do que funcionais e contribuem para a construção do reboot de forma fiel.

Ver os persoangens assistirem fitas VHS, lendos fichas e textos antigos é mais do que suficiente para um fã saudosista se sentir gratificado por esse reboot, principalemtne se levarmos em conta que são estes pequenos detalhes que fazem de Resident Evil único. Confesso que estava um pouco preocupado com o resultado desta obra e tive medo de ficar diante de outra experiência esdrúxula como nos filmes com Milla Javovich, mas ao terminar, tudo que sentia era satisfação e alegria por ter presenciado um filme que foi praticamente elaborado por um fã. O filme está longe de ser perfeito, mas funciona bem como um introdução a um novo momento para as adaptações de games. Espero que Resident Evil: Bem Vindo a Raccoon City faça o sucesso que merece e que tenha a oportunidade de ter uma continuação para explorarmos mais deste universo incrpivel. O filme está disponível nos cinemas e possui cerca de 1h47 de duração.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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