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Crítica: Rogai por Nós – ★★★☆☆ (2021)

(Reprodução)

Na onda de filmes de terror que transitam por metáforas religiosas para aterrorizar o público, Rogai por Nós consegue ter um roteiro sólido, que embora não traga nada de inovador, consegue ter um desenrolar interessante e assustar na medida certa. A premissa é simples, no filme seguimos a história de Alice , uma jovem com deficiência auditiva que, após uma misteriosa aparição da Virgem Maria, passa a ouvir, falar e curar as pessoas na cidade em que vive. Um acontecimento como esse rapidamente atrai a atenção das pessoas de perto e de longe, que começam a ir até a cidade para testemunhar seus milagres. Logo o próprio Vaticano passa a investigar os milagres para determinar se eles são de fato verdadeiros e assim tornar a cidade um santuário.  A direção de Evan Spiliotopoulos é precisa e consegue criar uma atmosfera muito intrigante e misteriosa e a medida que as coisas avançam, os problemas sinistros logo começam a surgir.

Por mais simples que a história seja, ela cumpre o papel como um terror satisfatório, que utiliza da religião e de suas problemáticas para passar a mensagem desejada. A reflexão acerca de líderes religosos inescrupulosos que utilizam dos meios mais sombrios para atingir seus interesses logo começa a surgir como comparação. O Vaticano envia um Inquisidor para investigar os acontecimentos, uma palavra que remete aos tempos mais macabros da religião católica onde a crença era cega e muitas vezes usada para punir as pessoas por pura discriminação. Logo no começo do filme, somos apresentados a uma cena sob a perspectiva de uma mulher que está prestes a ser queimada viva, condenada por comungar com o Demônio, que se passava pela Virgem Maria e a instruia a fazer seus desejos, um trecho um tanto quanto aterrorizante. O roteiro consegue manter a consistência a medida que avança nos eventos e nos entrega aos poucos os mistérios apresentados.

As atuações também são interessantes, principalmente quando vemos Jeffrey Dean Morgan interpretando o repórter Gerry Fenn, que venderia sua alma por uma boa matéria. O ator, que interpretou o pai de Dean e Sam Winchester em Supernatural está muito bem neste filme e é praticamente impossível não criar comparações, mesmo que sem sentido, com suas aventuras na aclamada série. O personagem que no começo parecia ter uma índole um tanto quanto duvidosa, se torna essencial para revelar os mistérios e chegar a conclusão final da trama. Katie Aselton também está pontual em seu papel como a doutora Natalie Gates, que acompanhou a história da jovem Alice e se impressionou com a suposta cura de sua deficiência, passando a acompanhar Fenn em sua busca pela verdade por trás dos acontecimentos.  O Inquisidor enviado pelo Vaticano, Monsignor Delgarde, interpretado por Dieogo Morgado, também tem um papel chave na trama e sua atuação é bem satisfatória, sem grandes exageros, passando uma sensação bem crível. O Padre Hagan, que cuidou de Alice a maior parte de sua vida, interpretado por William Sadler, também desempenha um papel que contribui para o desfecho de todos os acontecimentos. Enquanto o Bispo Gyles, vivido por Cary Elwes, é o típico lider religioso que esconde diversas informações e pretende fazer de tudo para tornar realidade a sua vontade. Todos os personagens do filme são construídos de forma simples, mas bem dosados, servindo positivamente para o desenrolar da trama e mantendo nossa atenção a cada cena.

Os efeitos visuais do filme não são os melhores, mas cumprem o seu propósito: assustar. As cenas possuem cortes profundos e focam em momentos essencias que agregam para o desenvolvimetno da trama, não desperdiçando com trechos sem sentido. Mas quando falamos em terror, o importante são os sustos. Em Rogai por Nós não temos grandes momentos de sustos, mas aqueles que temos, são bem precisos e fluem de forma bem natural. As cenas conseguem construir a tensão até a chegada do momento que somos surpreendidos. A aparição da suposta virgem é bem encaixada, em momentos certeiros, e sua qualidade gráfica é boa no geral, contribuindo para levarmos bons sustos. Vale pontuar também que Sam Raimi, que dirigiu a trilogia de Homem Aranha com Tobey Maguire, está envolvido na produção que, de certa forma, agrega mais para o filme.

Rogai por Nós é simples e não pretende ser mais do que isso. Extremamente funcional como um terror com metáforas religiosas, que utiliza de blasfêmias para construir sua mensagem final. O filme é uma experiência interessante para quem gosta do gênero terror, principalmente quando alinhado ao tema religião. Não chega a ser perfeito, mas cumpre o seu propósito, nos entretendo após um dia cansativo. Rogai por Nós está disponível no catálogo da HBO Max e possui uma duração de 1h40, que passam de forma bem fluída, sem grandes entraves.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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