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Crítica: Samaritano ★★☆☆☆ (2022)

(Reprodução)

O bom e velho confronto entre o bem e o mal em meio a uma narrativa de redenção. Esse é o contexto de Samaritano, o novo filme da Amazon Prime Video, estrelando Sylvester Stallone. No longa, temos uma experiência bem específica, que nos remete um pouco ao modelo de filme de ação dos anos 1990, onde o crime reinava e a desesperança assolava o coração das pessoas.

E como todo filme daquela década, a cidade se encontra em ruínas, corrompida, tanto por um sistema político decadente, quanto nas mãos dos criminosos anarquistas, e apenas um individuo com punhos de ferro poderia colocar as coisas nos devidos lugares. E como o bom brucutu que é, Stallone cumpre essa função com maestria, mas se arrasta por uma trama sem graça e sem vida, que lembra Gran Torino, mas não com o mesmo apelo.

Ao elaborar um contexto sombrio de desesperança, que se apela para um tom mais cinza, o longa acaba se perdendo nessa atmosfera e a deixa muito artificial, com poucos pilares para sustentar a base dessa trama. Os personagens, que deveriam transpor as emoções do contexto, são meras caricaturas do que poderiam ser. No longa, acompanhamos um garoto, Sam (Javon “Wanna” Walton), fã do antigo herói Samaritano, que acredita-se ter morrido durante o confronto com o vilão Nêmesis. O jovem é fissurado pelo herói, enquanto vive uma vida complicada junto de sua mãe.

O garoto se vê obrigado a fazer o necessário para ajudar sua mãe com as contas da casa, enquanto as autoridades são compeltamente inúteis e passam um ar de abandono da população. Nisso, Sam acaba se envolvendo com as pessoas erradas, até que conhece Joe, um velho que mora perto de sua casa e trabalha como catador. Por mais que se tente dar um toque mais sensível nessa amizade, a relação entre os dois é extremamente forçada, com momentos que apelam demais para clichês.

A atuação de Stallone no longa é o que já se espera do ator, caretas de brucutu, e uma falta de carisma absurda. Mas esses são detalhes que já sabemos e não nos incomoda. O que de fato incomoda no longa é a maneira como tudo é caricato demais, chegando a ser cômico. A relação de Stallone com o menino me lembrou bastante Gran Torino. Inclusive, o filme todo fiquei fazendo essa comparação. Mas em Samaritano, o resultado não foi tão interessante, pelo contrário, foi tedioso e sem graça. O garoto até se esforça na atuação, chegando a demonstrar certa apreensão ao atuar ao lado de Rock, mas não consegue transpor nada além de uma performance batida e caricata.

O longa tem uma duração até que aceitável, com cenas de ação bem elaboradas, mas não é suficiente para segurar a trama sem sal e os personagens caricatos. Mesmo com a idade, Stallone está bem nos confrontos, chutando muitos baderneiros e acertando belos golpes. Mas nada de muito impressionante, que o ator já não tenha feito em seus tempos de glória. Os efeitos do filme são bons, embora disperdiçados com essa trama que não funcionou. Talvez, há um momento satisfatório de se ver: Stallone referindo-se a si mesmo como troglodita.

Samaritano é uma clara tentativa de surfar no tsunami dos super-heróis, mas que acaba caindo da onda e perdendo o ritmo cedo demais. A trama do longa é forçada, tentando recriar um ambiente de desesperança, sem grande sucesso. Assim como a trama, Stallone também se arrasta ao longo do filme, embora entregue boas cenas de ação. Os efeitos especiais são satisfatórios, mas não garantem o mínimo de interesse para prender a atenção. Se você está sem nada para fazer e gosta de Sylvester Stallone, pode até valer a pena conferir, mas se o caso não for esse, passe longe.

Samaritano está disponível na Amazon Prime Video.

 

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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