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Crítica: Sintonia – 2° temporada – ★★☆☆☆ (2021)

Sintonia lança 2ª temporada na Netflix e terá DJ Alok na história
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Fora de sintonia com a primeira temporada e em desarmonia com seus próprios passos, o segundo ano de Sintonia foi como um funk: repetitivo e com beats manjados. Me afastando dos trocadilhos ruins, Sintonia perdeu a mão na segunda temporada, usando clichês como se fossem novidades, como o romance entre personagem pobre e rico, que é proibido pelos pais; morte de personagem que todos gostam de maneira repentina e “herói” conseguindo se sair bem quase o último instante. Esses clichês, somados ao péssimo ritmo da série (aqui, sem trocadilho com música), fizeram da segunda temporada um exercício de obrigatoriedade, para os produtores e espectadores.

Quando o assunto é produção brasileira, tendemos a A) torcer o nariz e rejeitar ou B) defender com unhas e dentes, não foi diferente com Sintonia, quando estreou no streaming. A primeira temporada, em 2019, chegou com aquele ar de novidade, mostrando Jottapê no papel de MC Doni, Bruna Mascarenhas como Rita e Christian Malheiros como Nando, trazendo uma jornada para cada um dos três amigos. E, sem dúvidas, a jornada de Nando no mundo do crime, com as gírias robotizadas, mas funcionais, roubaram as cenas. Agora, na segunda temporada, as maiores expectativas estavam em Nando, MC Doni e Rita, estão ali para preencher tempo de tela.

Toda essa nova jornada do trio é ofuscada pela vida de criminoso de Nando, com uma ascensão meteórica, que implica em novas responsabilidades, Nando tem que lidar com um “rato” dentro do crime. E aqui mora um dos poucos pontos altos na temporada, essa saga pela descoberta do traidor e toda as implicâncias do crime fazem a temporada tolerável – principalmente pela tensão que ronda Nando, algo que já aconteceu na primeira temporada.

No núcleo musical, dois momentos se destacam: tudo que envolve a MC Luzi, pois ali temos outra face da busca pela fama, com várias injustiças com a jovem aspirante ao sucesso. E as cenas que envolvem Miro, o agiota, mas aqui, quem brilha é Nando (mais uma vez). Repetindo a primeira temporada, MC Doni compõe uma música hit em pouco tempo, mas dessa vez não faz tanto sucesso. E isso não tem nenhum peso dentro da série, já que Doni está subindo ao estrelato com quatro shows por noite. Resumindo, não existe um desenvolvimento real par ao personagem que valha a pena acompanhar.

O núcleo religioso, com a Rita e sua busca por reabrir sua antiga igreja é um grande clichê de Malhação: pessoa pobre fica com pessoa rica, família da pessoa rica proíbe o relacionamento. Há bons momentos, mas tudo muito raso, até existe uma tentativa de lançar Rita na política, mas que não é desenvolvido na série.

No fim, os bons momentos ficam presos em momentos, como a morte do personagem (spoiler) ou as injustiças com a MC Luzi  e todas as cenas que envolvem Nando. Por muitos momentos me vi assistindo uma novela da Record, com apelo religioso ao máximo, ou ao programa do Datena, com aquele tom de inquietude de justiça e denúncia. 

Sintonia é uma série original Netflix e Kondzilla (este último fazendo da série uma autopropaganda).

Spoiler abaixo

Há no final a participação do Dj Alok e MC Kevinho, mas a cena que era para mostrar superação ou o sucesso do MC Doni, nada combina com a morte do Valdinho, que abala os momentos que antecedem o musical. Resultado de um roteiro fraco e pensado em hitar no tik tok, pois a série é feita sobre essa fórmula: cenas editáveis para hitar em vídeos de um minuto ou menos.

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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