Crítica: Um Dia Difícil – ★☆☆☆☆ (2022)

Um Dia Difícil, refilmagem francesa do filme sul-coreano de mesmo nome, chegou na Netflix e já conquistou uma boa colocação no TOP 10 da plataforma, dado a premissa intrigante que apresenta. No longa acompanhamos o policial corrupto Thomas, que já nos primeiro minutos atropela um homem na estrada e esconde o cadáver no porta-malas de seu carro. Com isso, ele passa a correr contra o tempo para resolver esse problema sem deixar nenhum rastro, porém, acaba se envolvendo em uma conspiração muito maior do que um simples atropelamento poderia indicar. O longa promete uma sequência ininterrupta de tensão, que se desenrola a medida que o personagem se vê cada vez mais comprometido pelos acontecimentos. Por mais que a trama indique essa dinâmica, o contrário acontece, a história demora para engatar, levando quase uma hora para de fato encontrar o ritmo de ação que insinuava, e quando se percebe, já está no final.

A trama não tem nenhuma complexidade aparente, trata-se de um longa que se propôe a abordar elementos investigativos com ação, porém se perde em dramas inapropriados e desinteressantes, tornando a experiência altamente massante e travada. O começo do filme até sugere que a coisa começaria a esquentar, mas logo decai novamente em cenas e mais cenas improváveis, que para não estragar sua experiência, não irei mencionar, mas atenção com a cena em que ele está no hospital velando o corpo de um familiar, é incrivelmente chata e sem pé nem cabeça. Claro que podemos apontar o fato do protagonista ser uma espécie de anti-herói, de moral questionável, mas isso fica longe de tornar o desenvolvimento interesante, muito pelo contrário, é mal explorado e acaba se enroscando nos elementos que joga no ar. A trama conspiratória teria tudo para ser agradável se seguisse a fórmula de muitos filmes de policiais brucutus que já temos por aí, mas ao optar por um ritmo arrastado, com façanhas improváveis, torna as sequências tediosas e sem grande apelo. Diversos momentos do filme parei para mexer no celular, o que já indica um pouco do quão interessante estava a trama. No final as coisas melhoram, mas aí já era tarde demais para resolver os vários problemas, e o desfecho é sem sentido, deixando diversas pontas soltas e, acredite, uma bem medíocre que envolve o velório do familiar do protagonista.

As atuações do filme são todas bem abaixo do esperado para um filme do gênero, em que atuações já são vistas como algo secundárias, quando comparado com a ação que o filme deve trazer. O policial corrupto que esconde o cadáver é vivido por Franck Gastambide, que parece não saber bem o que está fazendo no filme, com reações um tanto quanto mal executadas, principalmente quando as cenas exigem mais de sua performance. O elenco completo é composto por Simon Abkarian, Michaël Abiteboul, Tracy Gotoas, Jemima West, Victoire Zenner, Perez Michael, Serge Hazanavicius, Nabil Missoumi, mas não há nenhum que merece destaque de fato, todos entregam papéis clichês que poderiam ser mais bem aproveitados na trama.

O longa é dirigido por Régis Blondeau, em sua estreia na cadeira de diretor, o que explica muito da qualidade do longa. Mas o mesmo não pode ser dito com relação as ambientações que são boas e cumprem bem o papel de construir um cenário interessante para a trama. Mas isso não é suficiente quando não há conteúdo para ser trabalhado, muito menos cenas marcantes o suficiente para aproveitar esses elementos. A sequência final do filme é esdrúxula, com acontecimetnos um tanto quanto improváveis e sem nenhum sentido, batendo o último prego no caixão desse filme.

Um Dia Difícil é um desses filmes que promete muito e não chega nem perto de entregar, se enrolando para desenvolver uma trama simples até demais, em que seria apenas necessário deixar rolar uns tiroteios e explosões para dar tudo certo, sem ninguém precisar falar uma palavra sequer. Se você for pela indicação da plataforma e acreditar que o filme terá um ritmo frenético e empolgante, pode se decepcionar bruscamente com a enrolação que é entregue. Um Dia Difícil está disponível na Netflix e tem 1h35 de duração, que são incrivelmente desperdiçadas pelo diretor novato.