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Crítica: Um Jantar Entre Espiões ★★★☆☆ (2022)

(Reprodução)

O novo filme do Prime Vídeo vem com uma proposta mais singela de abordar o gênero de espionagem, Um Jantar Entre Espiões foca em desenvolver o drama de um casal de agentes da CIA, que tiveram de apostar tudo em uma missão extremamente delicada em que acabaram perdendo, tendo de lidar com as consequências de suas escolhas anos depois. O filme se passa, obviamente, em um jantar entre Henry e Celia, que vão reconstruindo todos os acontecimetnos do caso que os levaram até ali. Devido ao peso de já terem se relacionado, mais o fato de estarem sob uma investigação acerca do incidente que foi reaberto, o longa força as atuações ao máximo, exigindo boas expressões dos personagens, que tem de lidar com todo o peso dramático do momento.

Ao apostar em uma história mais parada e centrada, sem nenhuma cena de ação, o filme foge um pouco da margem de comparação com outros do mesmo gênero, que mesmo quando focados em uma narrativa dramática, ainda assim possuem cenas que envolvem ação. Isso pode parecer chato a primeiro momento, como se fosse necessário que haja ação para um filme de espionagem funcionar. Porém, o longa entrega um resultado interessante quanto a construção muito bem detalhada da trama, que se preocupa em tecer cada elemetno com extrema cautela e paciência (que também é muito exigida do espectador).

A base da história é um clichê sem precedentes, beirando aos esteriótipos máximos desse gênero. Uma ameaça terrorista já é o suficiente, mas desenvolver essa ameaça somado a terroristas do Oriente Médio é quase xenofóbico. Mas tudo bem, podemos deixar isso passar se pensarmos que a proposta do filme segue um rumo diferenciado. Esses terroristas sequestram um avião com reféns e em troca de os libertar, eles pedem a soltura de membros de sua facção. A CIA ao tentar intervir no sequestro, acaba se deparando com dificuldades que vão para além de seu controle. Oito anos depois do incidente, Henry é convocado para seguir com uma investigação sobre o pessoal que trabalhava na agência que foi responsável pelo vazamento de informações sigilosas para os terroristas. Essa investigação o leva direto até Celia, que já foi sua amante e está diretamente relacionada ao caso.

A história começa com essa perspectiva mas a medida que vai se desenvolvendo ela toma outros rumos que podem surpreender o paciente espectador. Embora o ritmo seja muito lento, mais até que o necessário, o modo como a trama é conduzida é interessante. O mistério que vai sendo exposto para o espectador é atrativo e mantém o nosso interesse, embora haja certos momentos de queda de ritmo na metade do filme, a sequência final promete ser intrigante e envolvente, com uma conclusão interessante. Como mencionado antes, não existe ação nesse filme, apenas diálogos e mais diálogos, o que não é um problema, mas pode quebrar a expectativa de quem está acostumado com o gênero e espera algo semelhante com o que já consome. Mesmo com uma trama parada, me surpreendi pela maneira como a produção foi conduzida e me impressionei com o desfecho, mesmo sendo um pouco previsível.

O elenco do longa não é qualquer um, temos nomes bem conhecidos e consagradaos, o que agrega em muito para a qualidade do filme. Chris Pine (Star Trek: Beyond) interpreta o agente Henry Pelham, que carrega o peso de suas escolhas nas costas de forma implacável. O personagem de Pine é misterioso e denso, submerso em um drama pessoal complexo e pesado, que está diretamente ligado ao incidente do sequestro do avião. O filme comprova que quando bem conduzido pela direção, Pine pode ser um excelente ator em tela, independente do estilo que está atuando. Sua parceira e também agente da CIA, Celia Harrison, é vivida por Thandiwe Newton (Caminhos da Memória), que após o incidente decide se afastar de Henry e viver uma vida diferente. Mas anos depois se vê obrigada a confrontar Henry em uma tentativa de levantar novas informações do caso do sequestro, o que a leva a abrir feridas antigas. Thandiwe está ótima no papel e passa uma sensação de imersão muito boa para a trama.

Outros nomes de peso também estão presentes no elenco como Laurence Fishbourne (Matrix, Na Rota do Tráfico), Jonathan Pryce (Dois Papas), Corey Johnson (Morbius). Os personagens secundários da trama tem poucas funções, mas as desempenham  bem quando requisitadas em cena. A forma como os personagens são postos em cena contribuem para a construção do mistério principal da trama e também de seu desfecho. Na atuação o longa entrega um bom resultado, boas interações e uma química muito envolvente entre o casal de protagonistas.

A direção de Um Jantar Entre Espiões é de Janus Metz Pedersen que faz um bom trabalho com a condução da trama e o desenvolvimento dos personagens principais. O único ponto negativo de sua direção está em optar por arrastar demais a trama para caminhos que as vezes pareciam não fazer diferença estarem ou não presentes na produção, o que quebra um pouco o ritmo no meio do filme. Mas em compensação, a forma como são construídos os elementos narrativos é muito imersivo e bem realizado, com ótimos cortes, que tiram o melhor das expressões dos atores.

Visualmente o filme é belíssimo, trazendo uma ambientação muito bem escolhida, que contribui para a construção do mistério que estamos vendo ser revelado, aprofundando o seu peso dramático. Os flashbacks são bem encaixados na trama e funcionam muito bem como forma de explicar os acontecimetnos passados enquanto acompanhamos o casal reviver as memórias no jantar. A trilha sonora é outro elemento crucial para o bom funcionamento desse suspense dramático de espionagem, e aqui ela funciona muito bem para construir e trazer a tona as emoções em tela.

Um Jantar Entre Espiões é um bom filme para quem curte uma história mais parada e repleta de diálogos enigmáticos e envoltos em mistérios. A história sofre com alguns entraves devido a se arrastar demais para ser elaborada, mas se beneficia de um final com uma boa reviravolta. As atuações são o ponto mais alto do longa, com interpretações marcantes e bem desenvolvidas, para um filme do gênero. Visualmente o filme é muito bem produzido, com ótimas ambientações. 

Um Jantar Entre Espiões está disponível no Prime Vídeo.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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